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Mercado de IA: a euforia tem preço (e é alto)

  • fernandoecumbi86
  • há 2 dias
  • 2 min de leitura

Por:

Edson Manuel

Economista


Dez das maiores empresas associadas à revolução da Inteligência Artificial entregaram retornos anualizados que fariam corar qualquer gestor de fundos tradicional: Palantir +68,5 %, Nvidia +42,8 %, AMD +27,8 %, Tesla +28,6 %. Números de sonho. 

Mas, como sempre acontece quando o sonho é demasiado bonito, há um reverso da medalha que poucos querem ver.


Uma análise econométrica rigorosa aos retornos diários destas dez ações (NVDA, PLTR, TSLA, AMD, META, ORCL, MSFT, GOOGL, AMZN, AAPL) contra o S&P 500 revela cinco verdades incómodas:


1. Caudas pesadíssimas 

 Todas as distribuições são fortemente leptocúrticas (kurtosis entre 12 e 86). Eventos que um modelo gaussiano considera “praticamente impossíveis” aconteceram dezenas de vezes em apenas dois anos.


2. Volatilidade amplificada 

 Beta médio do grupo: 1,66. Tesla 2,36, Palantir 2,19, AMD 2,12. Quando o mercado cai 5 %, estas ações caem, em média, 8 % a 12 % no mesmo dia.


3. Risco de contágio brutal 

 Correlação Nvidia-AMD de 0,68 e um dendrograma que separa claramente dois mega-clusters (Big Tech/Cloud e Semicondutores/Alto Risco) mostram que a diversificação dentro do tema IA é ilusória.


4. Sharpe enganador 

 Apenas duas ações (Palantir 1,39 e Nvidia 1,08) ultrapassaram Sharpe > 1,0. Todas as outras entregaram retorno extra apenas como compensação pelo risco adicional, não por eficiência.


5. Drawdowns que assustam 

 AMD –63 %, Tesla –48 %, Palantir –41 %, Nvidia –37 %. Quem entrou no pico ainda está profundamente debaixo de água.


Conclusão: a revolução tecnológica da IA é inegavelmente real, mas o mercado financeiro antecipou-a com uma euforia especulativa cujas características estatísticas são assustadoramente semelhantes às da bolha dot-com de 1999–2000 ou da mania cripto de 2021.


Os investidores que hoje olham apenas para os retornos anualizados estratosféricos e ignoram kurtosis, beta, correlação e drawdown histórico estão a repetir exatamente o mesmo erro do passado: confundir inovação genuína com licença para pagar qualquer preço.


A história ensina que, quando a narrativa é demasiado perfeita, o risco esconde-se nos detalhes quantitativos. 

E nestes detalhes, o setor de IA em novembro de 2025 grita cautela. 


Hedge, dimensionamento rigoroso e paciência passam a ser palavras obrigatórias em qualquer estratégia que queira sobreviver ao próximo capítulo desta história.



 
 
 

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